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segunda-feira, 22 de março de 2010

A NATUREZA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

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arquiteto
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O que é DEUS? De certa forma, não há Deus. Nossa percepção de Deus geralmente nos leva a um mal-entendido que pode abalar seriamente nosso desenvolvimento espiritual, social e maçônico.
Deus não é o que pensamos que Ele seja. Deus não é uma coisa, um ser, um substantivo. Ele não existe, na forma que definimos existência, principalmente pela ciência, pois Ele não ocupa espaço e não está limitado pelo tempo. Muitas vezes, os místicos de várias tradições religiosas, principalmente a Hebraica, se referem a Ele como aquele “Sem fim”.
“Sem Fim”, nunca deve ser conceituado de forma alguma. Nunca deve ser chamado de criador, Todo Poderoso, Pai, Mãe, Infinito, o Um, Brahma, Mente de Buda, Alá, Adonai, Elohim, El ou Shadai.
Quando o chamamos de Deus, de que estamos falando então? Quando dizemos que Ele é misericordioso, cheio de bondade amorosa, fonte de amor, podemos estar falando da imagem daquilo que pensamos que a natureza divina deva ser, mas não estamos falando do “Sem Fim”. Da mesma forma, se dissermos que o Deus retratado na Bíblia é vingativo, ciumento, irado, cruel, insensível ou punitivo, não podemos estar se referenciando ao “Sem Fim”. “Sem Fim” inclui cada atributo, mas não pode ser definido por nenhum deles individualmente ou pela combinação de todos eles.
O “Sem Fim”, é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, é aquele que não tem começo nem fim, o desconhecido, no qual alguns dizem que é infinito, mas ai existe uma definição totalmente incompleta, uma pobreza na linguagem do homem mortal, cujo é insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência, pois o “Sem Fim” é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que o “Sem Fim” é infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela própria, é definir uma coisa que não é conhecida por uma outra igualmente desconhecida.
Dentro do axioma científico, não há efeito sem causa, e se procuramos a causa de tudo que não é obra do homem, poderemos por nossa própria razão termos a resposta, e para acreditarmos na existência de Deus, enquanto o “Sem Fim”, basta lançarmos os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe, portanto ele tem uma causa. Duvidar da existência do “Sem Fim”, seria negar que todo efeito tem uma causa e admitir que o nada pudesse fazer alguma coisa.
O Homem por uma intuição normal já caracteriza e afirma a existência de um ser supremo, e com certeza este sentimento não se reproduziu sobre o nada, é a própria conseqüência do princípio de que não há efeito sem causa. Podemos ainda questionar que o Homem tem esta afirmação pois lhe é dada as bases da educação religiosa, influências familiares e sociais, bem como a própria verbalização do substantivo “Deus”, tornando-se algo concreto e verdadeiro, porém se o sentimento da existência de um ser supremo fosse produto de um ensinamento, não seria universal. Somente existiria naqueles que tivessem recebido esse ensinamento, tal como acontece com os demais conhecimentos que o Homem adquiri. Olhamos os antigos e selvagens, todos possuem este mesmo sentimento, mesmo não sofrendo por conseqüência os ensinamentos do Homem mais acurado em inteligência civilizada ( do nosso ponto de vista enquanto civilizados ) . Vejamos as Tribos indígenas do Brasil, etnias da África, da Ásia, da Austrália, todas, a exceção de nenhuma, mesmo sem contato com o mundo , dito “civilizado”, possuem a crença no ser supremo, e todas atribuem a esta crença, a esse ser as causas primárias de tudo que é matéria. Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar efeito pela causa, porque essas propriedades são elas mesmas um efeito que deve ter uma causa. Não há como também atribuirmos, tal como várias sociedades atribuem, bem como comunidades cientificas, a formação primária a uma combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja, um acaso, pois o que é o acaso? Nada.
A harmonia que regula as atividades do universo revela combinações e objetivos determinados e, por isso mesmo, um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente não seria mais um acaso.
Julga-se o poder de uma inteligência por suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a natureza produz, a causa primária é, portanto, uma inteligência superior à humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, essa inteligência tem ela mesma uma causa e, quanto mais grandioso for o que ela realize, maior deve ser a causa primária. É essa inteligência superior que é a causa primária de todas as coisas, é o “Sem Fim”, ou qualquer que seja o nome que o homem lhe queira dar, sempre entendendo que “Sem Fim” é um verbo e não um substantivo, nós temos que crer no ser Supremo em ação, um “Processo” e não um substantivo estagnado e parado orquestrando as ações do Homem na Terra ou nessa vida.
Dificilmente algum ser vivente neste mundo poderá compreender a natureza do “Sem Fim”, o “Processo”, pois ainda lhe falta um sentido, que é o sentido do desprendimento. A Inferioridade das faculdades do Homem não lhe permite compreender e ter este sentido. Na infância da humanidade, o Homem o confunde muitas vezes com a criatura, da qual lhe atribui as imperfeições; mas, à medida que o senso moral nele se desenvolve, seu pensamento compreende melhor o fundo das coisas e ele faz uma idéia do “Sem Fim” mais justa e mais conforme ao seu entendimento, embora sempre incompleta. Compreender a natureza da existência do ser supremo e enxergar suas perfeições somente será um fato quando o Homem se elevar acima da matéria, e pressentir em seus pensamentos.
Já dissemos em parágrafos anteriores que o substantivo Deus é definido como eterno, infinito, imutável, único, e, etc...Isso pode nos parecer completo no que diz respeito à seus atributos, porque acreditamos abranger tudo, mas devemos ainda saber que o substantivo Deus é um processo, é o “Sem Fim” e possui atributos acima de nossa inteligência, e de nossa linguagem. A Razão nos diz, de fato, que o substantivo Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se tivesse uma só de menos, ou que não fosse de um grau infinito, não seria superior a tudo e, por conseguinte, não seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele não pode estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação conceber.
A noção de Deus, enquanto o “Sem Fim”, precede o pensamento, e até mesmo precede o nada, que é de onde nasce o pensamento. O Nada é visto como um nível de consciência primordial que é o resultado da “aniquilação do pensamento”.
Será que podemos imaginar um vazio sem começo e nem fim? Podemos nós, limitados por mentes finitas, imaginar o infinito? A resposta é não, não podemos pensar no Nada. Tudo que podemos imaginar tem algum tipo de linha de fronteira, ou seja,, seriam vestimentas ou vasos, fronteiras são recipientes. Todos os pensamentos, inclusive a imaginação, são vestimentas ou vasos.....( se estiver no BLOG, clique abaixo em Continue Lendo ou acesse o E-Book Pocket )






Por definição, uma fronteira estabelece limites. Podemos ser capazes de dar um nome ao infinito, podemos desenhar o símbolo do número “8” deitado e dizer que ele representa o infinito, mas não importa o quanto acreditamos que nossa imaginação é ilimitada, continuamos confinados dentro das fronteiras de nossa própria realidade. Se algo pode ser imaginado, não é infinito.
Se o infinito está além da imaginação, então o que diremos sobre o que transcende o infinito, sobre quem o criou? O “Sem Fim” não está “restrito” pelo infinito, na verdade, de repente, ficamos sem palavras, pois a idéia de “trans-infinito” é um absurdo lógico. O que pode estar além do infinito? Além disso, o que pode estar além do Nada que cerca o infinito? Isto é o “Sem Fim”.
Apesar de termos informações de que o “Sem Fim” é inacessível por qualquer meio intelectual, podemos ainda nos perguntar se existe um “saber” que transcende o intelecto. A resposta é afirmativa, pois podemos conhecer o “Sem Fim” por caminhos que transcendem o pensamento.
Durante esses ensaios, e no decorrer desta reflexão, iremos já definir e denotar que quando pensamos em Deus, a descrição mais próxima seria que Deus não é um ser, mas sim um “Processo”. Podemos pensar Nele como “sendo”, como um verbo ( Já destacado anteriormente ), e não como um substantivo. Talvez entenderíamos melhor este conceito se déssemos um outro nome a Deus, isolando o “Sem Fim” em nossos ensaios até agora e passando a chamá-lo de “Deus-em-processo”, em vez de Deus, que sugere um substantivo.
Esta idéia de “Deus-em-processo”, foi desenvolvida por um rabino chamado “Zalman Shalomi”, que explica que esse tipo de conceito implícito em “Deus-em-processo” é diferente daqueles utilizados em nossa linguagem habitual. A maioria dos nossos verbos é considerada transitiva, quando pede um objeto direto, ou intransitiva, quando não. Ele sugere que “Deus-em-processo” é como se fosse um verbo mutuamente interativo que gera independência entre dois sujeitos da oração, cada um deles sendo o objeto direto do outro.
Por exemplo, “comunicando” poderia ser um verbo desse tipo. Se eu estivesse falando em público, poderia não estar me comunicando. Eu poderia estar ocupado com o ato da comunicação, mas, se os membros da audiência não estivessem atentos, pensando em outras coisas, eu não estaria me comunicando, não importa o quanto falasse. Minha comunicação verbal depende de um ouvinte; ela não é uma via de mão única. Outros verbos óbvios que se ajustam a essa categoria são amar, compartilhar, dançar, beijar, abraçar e assim por diante.
Podemos nos relacionar com Deus como se fosse um verbo interativo: é Deus-em-processo. Além do mais, nesse ponto de vista, a criação não deve ser tratada como um substantivo. Também é um verbo interativo, pois está se criando constantemente. Nós não podemos nos tratar como um substantivo, como Moacir, Murilo, Giovanna, Elaine. Da mesma forma que Deus é um verbo interativo, nós também somos ações, nós somos Moacir-em-processo, Murillo-em-processo, Giovanna-em-processo, Elaine-em-processo em relação a Deus-em-processo.
Cada parte do Universo encontra-se em um relacionamento dinâmico com todas as outras partes. Em outras interações humanas, tal como o casamento, um parceiro é o marido-em-processo, enquanto o outro é a mulher-em-processo. Os dois neste sentido são um só. Normalmente vivenciamos relacionamentos em termos de suas partes componentes. Estamos errados, portanto, quando achamos que as partes estão separadas.
É importante lembrar que o conceito de Deus-em-processo é um caminho para estabelecermos um relacionamento com o Divino, que não deve ser entendido como um relacionamento com o “Sem Fim”. Muitos nomes de Deus estão incluídos em “Sem Fim”, Deus-em-processo é um nome que é como um verbo, uma ação e não um substantivo.
A verdadeira descoberta da intimidade existente nesta nossa relação contínua com o Divino pode mudar nossas vidas de maneira fantástica. Às vezes, isso acontece espontaneamente, sem razão aparente. Alguns chamam esta vivência de “graça”. Ela surge do nada. Poderíamos estar sentado na praça, andando em um bosque, cuidando de uma pessoa que está morrendo, até mesmo dirigindo por uma estrada, e, de repente, você se sente inundado por uma luz estranha que permeia sua consciência, e você nunca mais será o mesmo. Há inúmeros relatos sobre como tais transformações e vivências de conversão mudaram o mundo.
Às vezes indivíduos passam a dedicar-se à vida espiritual devido a esse tipo de experiência. Por outro lado, a maioria das pessoas que assume compromissos espirituais, assim o faz porque anseia por uma conexão com a verdade e o sentido da vida. Este compromisso geralmente envolve a obrigação de uma série de práticas que se tornam parte da vida cotidiana de cada um. Podem incluir meditação, orações, movimentos, estilos de alimentação, privações, períodos de isolamento, mantras, cerimônias religiosas, atos de bondade amorosa e muitas outras técnicas testadas ao longo dos anos, que podem mudar nossas percepções. Finalmente quando as prioridades do praticante tornam-se claras, uma luz de consciência primordial lentamente se ilumina e sua percepção da realidade vai mudando, de forma consciente.
No caminho espiritual, tanto por intermédio de “insights”, que nos chegam como relâmpago quanto pelo progresso lento, porém firma da prática continuada vamos ganhando sabedoria. Não se trata de conhecimento intelectual, mas de sabedoria, um conhecimento profundo, inexplicável, indescritível e admirável, além da imaginação. Esta sabedoria é a fonte da vivência mística, a força motriz de toda busca espiritual. É o que nos sustenta quando enfrentamos dúvidas, que nos alimenta quando o mundo nos parece desolado e nos conforta quando somos confrontados com a morte de ente queridos. Sem ela, para onde nos voltaríamos? Onde estaríamos sem a impressionante grandeza do incognoscível Deus?
Não há resposta a essa pergunta, nada podemos provar sobre o “Sem Fim”. Mas esta é uma pergunta que volta para si mesma. Apesar disso , quando percebida sob a perspectiva do nosso relacionamento dinâmico com o Divino, é uma pergunta que já inclui uma resposta, devido ao seguinte paradoxo: A fonte da pergunta é a própria resposta que a pergunta procura. “O que seria eu sem Deus”?
Considere esta pergunta vinda de sua consciência primordial interna. Não de você, o substantivo, a pessoa que você pensa que é, mas de você, o verbo, o processo de estar em uma relação completa e contínua com seu criador. Quando uma pergunta surge dentro de você, quem está fazendo a pergunta, e para quem esta pergunta é feita? Suponha que não exista um “eu” para fazer a pergunta, e não há um Deus lá fora para respondê-la. A Pergunta é parte da ação de Moacir-em-processo e Deus-em-processo. Em um desenrolar mútuo.
Tentamos fazer isso de modo a dissolver todas as barreiras de separação. Não há sujeito nem objeto. Simplesmente um processo que está sempre começando. Não há passado, nem futuro, só o Agora. Cada momento é uma nova abertura. Cada respiração e cada movimento ocorrem apenas no Agora. Esta é minha dança com Deus-em-processo. É uma extraordinária experiência de vida.
A natureza da existência de Deus, não está na Ciência, nem nas pesquisas historiográficas, e muito menos nos estudos das religiões, ela está no processo que cada ser humano desencadeia dentro de si em seus momentos dedicados ao pensamento. É o pensar e a fala que faz surgir a existência, é o sentido da causa que se estabelece no nosso dia a dia, a cada momento em que presenciamos e apreciamos o alvorecer do novo dia , o cantar dos pássaros, a manifestação do animal de estimação, o bom dia de sua família, o entusiasmo do trabalho, o Sol do Meio – Dia, a Lua majestosa iluminando o crepúsculo da Noite. Ele, o “Processo” é tudo isso que vemos e sentimos, é o “Processo” agindo como causa.
Quando falamos de causa, temos também que falar de efeitos. Deus-em-processo é a causa que gera o efeito, logo existe alguns equívocos quanto às definições que colocam a Deus como um ser distinto, resultante de todas as forças e de todas as inteligências do universos reunidas. Se fosse assim, Deus não seria existente, por que seria o efeito e não a causa. Deus não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa. A Natureza da existência de Deus, o Deus-em-processo é o essencial, e não devemos ir além, não podemos nos perder em labirintos de onde não conseguiríamos sair, isso nos tornariam melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditamos saber, mas na verdade não sabemos nada. Temos que deixar de lado todos os sistemas de entendimentos e teses, nós já temos muitas coisas que nos tocam diretamente, a começar por nós mesmos. Temos que estudar nossas próprias imperfeições a fim de nos desembaraçarmos delas, isso nos será mais útil do que querer penetrar no que é impenetrável.
Outro equívoco é pensar que todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do universo, seriam parte do Divino e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade, em um culto panteísta. Pouco podemos definir destas teses, mas o mais abrangente é que o Homem , não podendo se fazer Deus, quer pelo menos ser uma parte d’ele. Aqueles que acreditam na doutrina panteísta pretendem nela encontrar demonstração de alguns atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo vazio ou o nada em nenhuma parte, Deus está portanto, em toda parte; Deus, estando em toda parte, uma vez que tudo é parte integrante de Deus dá a todos os fenômenos da natureza uma razão de ser inteligente. Diante da razão de nossos estudos até aqui, podemos reconhecer o absurdo disso.
Essa doutrina ( Panteísta ) faz de Deus um ser material ( um substantivo ) que , embora dotado de uma inteligência suprema, seria um tamanho grande o que nós somos em tamanho pequeno. Uma vez a matéria se transforma sem parar, se assim for, Deus não teria nenhuma estabilidade, estaria sujeito a todas as mudanças e variações, a todas as necessidades da humanidade, e lhe faltaria um dos atributos essenciais da Divindade, que é a imutabilidade, o verbo, a ação. Não se pode imaginar que são as mesmas propriedades da matéria e a essência de Deus, sem O rebaixar na nossa concepção. Todas as sutilezas dos sofismas não conseguirão resolver o problema na sua natureza íntima. Não sabemos ainda tudo o que Deus é, mas sabemos tudo que ele não pode deixar de processar, e a teoria do panteísmo está em contradição com suas propriedades mais essenciais, pois ela confunde o processo de criação com a criatura, exatamente como se afirmasse categoricamente que uma máquina engenhosa fosse parte integrante do engenheiro que a concebeu.
A inteligência de Deus-em-processo se revela em suas obras como a de um pintor em seu quadro, mas as obras de Deus-em-processo não são o próprio Deus, assim como o quadro não é o pintor que concebeu e executou.
Prosseguindo com nossos ensaios, vale salientar que o Homem , em muitos momentos no passado, no presente e também no futuro usou, usa e usará aberrantemente sua inteligência , cuja se conecta com Deus-em-processo e focará nos seres orgânicos apenas a ação da matéria ( O Materialismo ), e a esta atribuem todos os nossos atos. Vêem no corpo humano apenas a máquina elétrica; se baseiam no mecanismo da vida apenas pelo funcionamento dos órgãos que muitas vezes viram se extinguir pela ruptura de um fio, e não viram nada mais que esse fio.
Procuraram ver se restava alguma coisa e, como encontraram apenas a matéria, que se tornara inerte, e não virão a “alma” escapar nem a puderam apanhar, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e que, depois da morte, o pensamento se aniquilava. Triste conseqüência se fosse assim, porque então o bem e o mal não teriam significação alguma; o homem seria levado apenas a pensar em si mesmo e a colocar acima de tudo a satisfação de seus prazeres materiais, os laços sociais seriam rompidos e as afeições mais santas destruídas para todo o sempre.
Questões cientificas, sempre assolaram o relacionamento do Homem com Deus, e estes em um processo único, podemos destacar várias questões que envolvem o mundo científico, o qual me vejo no momento em apresentar nesta reflexão daquilo relacionado propriamente à matéria que esta interagindo no meio que se manifesta. Vejamos:
ð A Lei do Mais forte.
ð A Lei da Selva.
ð A Seleção Natural.
ð A Evolução das Espécies.
Como foi explicado pelo Pai da Biologia Moderna - Charles Darwin, a Natureza funciona assim. Brutal às vezes, para garantir a sobrevivência. É o que comprova a Ciência.
Longe dai podemos concluir que a sociedade humana também tem que operar da mesma forma.
A organização dos Homens para viver juntos segue outras leis que refletem a capacidade humana e única entre os seres vivos de superar sua herança genética.
O Homem cria regras de convivência. Estabelece princípios morais que se conseguem ir além dos instintos, vai mais longe do que impõem seu DNA.
Recentemente houve a descoberta de fosséis na África com cerca de 160 mil anos de existência, e a comunidade cientifica baseou-se nesta idade a existência da matéria viva inteligente na terra, porém não há de se entender bem isso, pois qualquer fóssil tem de ter predecessores. Não se pode pegar um fóssil e dizer: Foi o Primeiro Humano!!! . Não quer dizer nada, pois é óbvio que o avô, o “tatatatatara vô” dele existiu. , e tenha sido talvez, um pouco menos humano. Mas não há um momento único no qual na sucessão de ancestrais e descendentes que leva até nós, fosse possível parar e dizer: Daqui em diante são humanos.
No ano de 2006 celebrou-se os 50 anos da descoberta da estrutura do DNA , quando pensamos que Charles Darwin apresentou sua teoria em 1859 , quando os fundamentos da Genética ainda eram desconhecidos, e , certamente muito tempo antes do DNA. , agora que celebramos este aniversário, a ciência está confirmando Charles Darwin, porém houve aspectos que ele entendeu mal. E, na Genética, o principal que Darwin não entendeu bem foi ter aceitado a Genética do tempo dele que era um tipo de modelo de substâncias combinadas. Você trazia certa quantidade de substância genéticas de seu pai e sua mãe, e elas se mesclavam em nós. , e tornávamos de algum modo inexplicável um intermediário. Já era claro na própria vida de Darwin que isso não poderia estar certo. Se estivesse, cada geração seria mais uniforme do que a geração anterior. Teríamos uma perda de variação, e, após algumas gerações, todos seríamos idênticos com uma aparência média, algo como a genética medeliana, quase tinha de ser verdade, e foi descoberta na vida de Darwin, mas ele não sabia. A revolução genética que aconteceu no início do século XX e muito antes do DNA, foi a importantíssima atualização de Darwin.
Vamos pensar na evolução há milhões de anos, na criação da própria vida, daquela mistura de água, carbono, gases, da qual a molécula original e evoluiu, da qual todos descendemos.,porém ainda é discutível, partindo do principio que ninguém sabe como isso se deu, e muito do que especulamos a respeito não passa disso, pura especulação, nunca poderemos saber. O que podemos dizer teoricamente é o evento que teve de acontecer, ou seja, o surgimento de uma entidade auto-replicável. É a etapa fundamental. Teve de haver algo auto - replicável algo que faz cópia de si mesmo, que são, em geral, idênticas àqueles predecessores, mas um pouco diferente de vez em quando. Logicamente é o que faz a variação.
Com isso, nós temos todos os ingredientes adequados para um tipo primitivo de seleção primitiva. Agora entendemos bem mais o que está havendo. Quando a seleção natural começa propriamente, passamos a entender como chegar a toda a disposição da evolução, desde a bactéria ou pré - bactéria, até nós. Mas ninguém sabe ao certo os eventos químicos que se deram. Poderemos nunca saber. Até agora, a Química não conseguiu repetí-los. Os químicos que tentaram por substâncias químicas puras num tubo de ensaio ou frasco, sacudí-las, buscando uma molécula auto - replicável, falharam. E isso não é nada surpreendente. Seria surpreendente, sim, se fosse fácil produzir uma molécula auto - replicável, pois, se fosse fácil, isso significaria que deve haver vida em todo o Universo.
Seguindo mais um pouco no campo da Biologia, existe uma citação de Charles Darwin, dizendo algo assim: "que livro um capelão do diabo não escreveria sobre as baixezas, a violência , e as crueldades da Natureza.” Darwin quis dizer que se olharmos de perto a Natureza vamos enxergar uma enorme crueldade, angústia , dor. Mas é o que se espera da seleção natural, ela apenas sobrevive assim. Mesmo entre as mais belas e elegantes espécies - borboletas, gazelas, elefantes, elas foram minuciosamente desenhadas pela seleção natural. Isso significa que muitos de seus ancestrais morreram , e aqui se referindo aos machos rivais para produzir a perfeição que vemos agora. Portanto, foi um processo rude e cruel que esculpiu a beleza que vemos agora. O darwinismo, portanto, reflete esse processo cruel. Podemos acreditar por causa da evidência, que a seleção darwiniana é a força responsável para a vida ser como é, porém poderemos ser antidarwinista porque seria odiosa nossa própria sociedade seguir o modelo darwiniano. Detestaríamos viver em um tipo de sociedade inescrupulosa, em que os mais fracos são derrotados, os mais fortes se dão bem, ficam mais ricos, se divertem mais. Isso seria um tipo paraíso social darwiniano, e também uma idéia de inferno.
O Fato de essas leis se aplicarem à Natureza não quer dizer que se apliquem à sociedade, por isso devemos agir contra elas, formando nossas próprias sociedades, se rebelando contra nossos próprios Genes.
Bem, por ai vai , dentro de um aprofundamento a ciência tenta não estabelecer sua decisão sobre a natureza de Deus, e em nenhum momento , mesmo sendo evidente , tal como o grifo em 02 parágrafos acima (Poderemos nunca saber. Até agora, a Química não conseguiu repetí-los.). Felizmente, essas idéias estão longe de ser gerais, pode-se até mesmo dizer que são muito limitadas e constituíram apenas opiniões individuais, porque em nenhuma parte constituíram doutrina. Uma sociedade fundada sob essas bases teria em si o germe de sua dissolução, e seus membros se entredevorariam como animais ferozes.
O Homem tem o pensamento instintivo de que bem tudo se acaba quando cessa a vida. Tem horror ao nada. Ainda que teime e resista inutilmente a idéia da vida futura, da imortalidade da alma, quando chega o momento supremo são poucos os que não se perguntam o que vai ser deles; a idéia de deixar a vida e não mais retornar é dolorosa. Quem poderia, de fato, encarar com indiferença uma separação absoluta, eterna de tudo o que amou? Quem poderia, sem medo, ver abrir-se diante de si o imenso abismo do nada onde se dissiparão para sempre todas as nossas capacidades, todas as nossas esperanças e dizer de si mesmo: Qual o quê! Depois de mim, nada, nada mais além do vazio; tudo acabou; daqui a alguns dias minhas lembranças serão apagadas da memória dos que me sobreviverem; daqui a pouco não restará nenhum traço de minha passagem pela Terra; o próprio bem que fiz será esquecido pelos ingratos a quem servi; e nada pode me compensar tudo isso, nenhuma outra perspectiva além do meu corpo roído pelos vermes!
Esse quadro não tem alguma coisa apavorante, glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão confirma. Mas essa existência futura, vaga e indefinida não nos dá nenhuma esperança, sendo para muitos a origem da dúvida. Temos uma Alma, sim, impossível de ser enxergada pelos olhos da Ciência Materialista, mas o que é nossa Alma? Ela tem uma forma , uma aparência qualquer? É um ser limitado ou indefinido? Uns dizem que é um “Sopro de Deus”; outros, uma centelha; outros, uma parte do grande todo, o princípio da vida e da inteligência, mas o que tudo isso nos oferece? O que nos importa ter uma alma , se depois da morte ela se confunde na imensidade como as gotas d’água no oceano? A Perda de nossa individualidade não é para nós o mesmo que o nada? Diz-se, ainda, que é imaterial; mas uma coisa imaterial não poderá ter proporções definidas e para nós equivale ao nada. A Religião ainda nos ensina que seremos felizes ou infelizes, conforme o Bem ou O Mal que tivermos feito. Mas em que consiste essa felicidade que nos espera no seio de Deus? É uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outra ocupação a não a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou um símbolo? A própria Igreja as entende nesta última significação, mas quais são aqueles sofrimentos? Onde está este ligar de suplício? Numa palavra, o que se faz, o que se vê, nesse mundo que nos espera a todos? Diz-se que ninguém voltou de lá para nos prestar contas.
Aqueles que pensam que na morte a Alma retorna ao todo universal estão errados. Porém estarão certos se entenderem por todo universal o conjunto de seres incorpóreos do que cada Alma é um elemento.
Se as Almas não se diferenciassem do todo, teriam apenas as qualidades do conjunto e nada poderia distinguí-las umas das outras; não teriam nem inteligência, nem qualidades próprias.
A Alma nada mais é a causa da vida corpórea, um processo do próprio Deus para o Homem viver. Jesus, nas sagradas escrituras disse: - “Vós sois Deus”, ou seja, nós temos uma Alma, Um Deus em Processo, e se somos Deus-em- processo, Deus passa a ser uma Alma também, uma causa de tudo. O Próprio fluído da vida.
Acredito, até agora, seguindo os ensaios que citamos, podemos já termos conclusões óbvias da Natureza da Existência de Deus, o Deus-em-processo, pois sendo Deus-em-processo a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre que repousa o edifício da criação, é também o ponto que importa considerarmos antes de tudo que constitui princípio elementar que pelos seus efeitos é que se julga de uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta.
Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido por mortífero grão de chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que este último não seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma coisa, para sabermos que ela existe. Em tudo, observando os efeitos é que se chega ao conhecimento das causas.
Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente.
Tal como dito acima no texto, quando se atribui o criador como parte da criação, Se perguntássemos qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Quando se contempla uma obra-prima da arte ou da indústria, diz-se que há de tê-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um homem, por se verificar que não está acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a idéia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho de um animal, ou produto do acaso.
Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas obras. A existência dos homens antediluvianos não se provaria unicamente por meio dos fósseis humanos: provou-a também, e com muita certeza, a presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo bastarão para lhe atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhecer-se-á o grau de inteligência ou de adiantamento dos que o executaram. Se, pois, achando-vos numa região habitada exclusivamente por selvagens, descobrirdes uma estátua digna de Fídias, não hesitará em dizer que, sendo incapazes de tê-la feito os selvagens, ela é obra de uma inteligência superior à destes.
Pois bem! Lançando o olhar em torno de nós, sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à Humanidade, a menos que se sustente que há efeitos sem causa. A isto opõem alguns o seguinte raciocínio:
As obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão; as moléculas dos corpos inertes se agregam e desagregam sob o império dessas leis. As plantas nascem, brotam, crescem e se multiplicam sempre da mesma maneira, cada uma na sua espécie, por efeito daquelas mesmas leis; cada indivíduo se assemelha ao de quem ele proveio; o crescimento, a floração, a frutificação, a coloração se acham subordinados a causas materiais, tais como o calor, a eletricidade, a luz, a umidade, etc. O mesmo se dá com os animais. Os astros se formam pela atração molecular e se movem perpetuamente em suas órbitas por efeito da gravitação. Essa regularidade mecânica no emprego das forças naturais não acusa a ação de qualquer inteligência livre. O homem movimenta o braço quando quer e como quer; aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até a morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.
Tudo isso é verdade; mas, essas forças são efeitos que hão de ter uma causa e ninguém pretende que elas constituam a Divindade. Elas são materiais e mecânicas; não são de si mesmas inteligentes, também isto é verdade; mas, são postas em ação, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente. Um pêndulo se move com automática regularidade e é nessa regularidade que lhe está o mérito. É toda material a força que o faz mover-se e nada tem de inteligente. Mas, que seria esse pêndulo, se uma inteligência não houvesse combinado, calculado, distribuído o emprego daquela força, para fazê-lo andar com precisão? Do fato de não estar a inteligência no mecanismo do pêndulo e do de que ninguém a vê, seria racional deduzir-se que ela não existe? Apreciamo-la pelos seus efeitos.
A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber. Quando um relógio lhe é dado, no momento preciso, a indicação de que necessitar, teremos a mente dizer: aí está um relógio bem inteligente? Outro tanto ocorre com o mecanismo do Universo: Deus-em-processo não se mostra, mas se revela pelas suas obras.
A Natureza da existência de Deus-em-processo é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, crêem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles vêem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à Humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?
O Homem, desde que aceite como premissa a natureza da existência de Deus-em-processo, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser.
Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como ao farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo.
Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.
Deus é eterno, isto é, “Sem Fim”. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.
Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito ás transformações da matéria, é a própria Alma. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio por termo de comparação para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto. Têm o inconveniente de rebaixar o Ente supremo até às mesquinhas proporções da Humanidade. Daí a lhe emprestarem as paixões humanas e a fazerem-no um Deus colérico e cioso não vai mais que um passo.
Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.
Deus é soberanamente um processo de justiça e bondade. A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade.
O fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta.
Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus-em-processo; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus-em-processo, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom.
A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em conseqüência, já não seria soberanamente bom.
Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja um “Sem Fim”em tudo.
Sendo “Sem Fim” , os atributos de Deus-em-processo não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam “Sem Fim” e Deus-em-processo não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus-em-processo, pois que poderia existir um ser mais perfeito.
Deus é único. A unicidade de Deus-em-processo é conseqüência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus-em-processo, salvo sob a condição de ser igualmente “Sem Fim” em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria a autoridade soberana.
A ignorância do princípio de que “Sem Fim” são as perfeições de Deus-em-processo foi que gerou o politeísmo, culto adotado por todos os povos primitivos, que davam o atributo de divindade a todo poder que lhes parecia acima dos poderes inerentes à Humanidade. Mais tarde, a razão os levou a reunir essas diversas potências numa só. Depois, à proporção que os homens foram compreendendo a essência dos atributos divinos, retiraram dos símbolos, que haviam criado, a crença que implicava a negação desses atributos.
Em resumo, Deus não pode ser Deus, senão sob a condição de que nenhum outro o ultrapasse, porquanto o ser que o excedesse no que quer que fosse, ainda que apenas na grossura de um cabelo, é que seria o verdadeiro Deus. Para que tal não se dê, indispensável se torna que ele seja “Sem Fim” em tudo.
É assim que, comprovada pelas suas obras a natureza da existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar os atributos que o caracterizam.
Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso.
Tal o eixo sobre que repousa o edifício universal. Esse o farol cujos raios se estendem por sobre o Universo inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se por essa luz, ele nunca se transviará. Se, portanto, o homem há errado tantas vezes, é unicamente por não ter seguido o roteiro que lhe estava indicado.
Tal também o critério infalível de todas as doutrinas filosóficas e religiosas. Para apreciá-las, dispõe o homem de uma medida rigorosamente exata nos atributos de Deus e pode afirmar a si mesmo que toda teoria, todo princípio, todo dogma, toda crença, toda prática que estiver em contradição com um só que seja desses atributos, que tenda não tanto a anulá-lo, mas simplesmente a diminuí-lo, não pode estar com a verdade.
Em filosofia, em psicologia, em moral, em religião, só há de verdadeiro o que não se afaste, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum esteja em oposição àquelas qualidades; aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem.
A Providência Divina – O Conceito de Deus-em-processo: A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a ação providencial.
Como pode Deus-em-processo, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Esta a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a natureza da existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua ação, que ela se exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas atividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.
No estado de inferioridade em que ainda se encontram, só muito dificilmente podem os homens compreender que Deus-em-processo seja “Sem Fim” . Vendo-se limitados e circunscritos, eles o imaginam também circunscrito e limitado. Imaginando-o circunscrito, figuram-no quais eles são, à imagem e semelhança deles. Os quadros em que o vemos com traços humanos não contribuem pouco para entreter esse erro no espírito das massas, que nele adoram mais a forma que o pensamento. Para a maioria, é ele um soberano poderoso, sentado num trono inacessível e perdido na imensidade dos céus. Tendo restritas suas faculdades e percepções, não compreendem que Deus possa e se digne de intervir diretamente nas pequeninas coisas.
Impotente para compreender a essência mesma da Divindade, o homem não pode fazer dela mais do que uma idéia aproximativa, mediante comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos, servem para lhe mostrar a possibilidade daquilo que, à primeira vista, lhe parece impossível. Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. Sendo ininteligente, esse fluido atua mecanicamente, por meio tão-só das forças materiais. Se, porém, o supusermos dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele já não atuará às cegas, mas com discernimento, com vontade e liberdade: verá, ouvirá e sentirá.
As propriedades do fluido que abastece o processo da vida dão-nos disso uma idéia. Ele não é de si mesmo inteligente, pois que é matéria, mas serve de veículo ao pensamento, às sensações e percepções da Alma. Esse fluido não é o pensamento da Alma; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo quem o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido. Na impossibilidade em que nos achamos de o isolar, a nós nos parece que ele, o pensamento, faz corro com o fluido, que com este se confunde, como sucede com o som e o ar, de maneira que podemos, a bem dizer, materializá-lo. Assim como dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito Pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.
Seja ou não assim no que concerne ao pensamento de Deus-em-processo, isto é, quer o pensamento D’ele atue diretamente, quer por intermédio de um fluido, para facilitarmos a compreensão à nossa inteligência, figuremo-lo sob a forma concreta de um fluido inteligente que enche o universo infinito e penetra todas as partes da criação: a Natureza inteira mergulhada no fluido divino. Ora, em virtude do princípio de que as partes de um todo são da mesma natureza e têm as mesmas propriedades que ele, cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da Divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude. Nenhum ser haverá, por mais ínfimo que o suponhamos, que não esteja saturado dele. Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade; nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contacto ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós.
Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do Alto da imensidade. As nossas preces, para que ele as ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando em processo ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele. Os nossos pensamentos são como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente.
Longe de nós a idéia de materializar a Divindade. A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação apropriada a dar de Deus uma idéia mais exata do que os quadros que o apresentam debaixo de uma figura humana. Destina-se ela a fazer compreensível a possibilidade que tem Deus de estar em toda parte e de se ocupar com todas as coisas.
Compreendemos o efeito: já é muito. Do efeito remontamos à causa e julgamos da sua grandeza pela do efeito. Escapa-nos, porém, a sua essência íntima, como a da causa de uma imensidade de fenômenos. Conhecemos os efeitos da eletricidade, do calor, da luz, da gravitação; calculamo-los e, entretanto, ignoramos a natureza íntima do principio que os produz. Será então racional neguemos o princípio divino, por que não o compreendemos? Nada obsta a que se admita, para o principio da soberana inteligência, um centro de ação, um foco principal a irradiar incessantemente, inundando o Universo com seus eflúvios, como o Sol com a sua luz. Mas onde esse foco? É o que ninguém pode dizer. Provavelmente, não se acha fixado em determinado ponto, como não o está a sua ação, sendo também provável que percorra constantemente as regiões do espaço sem-fim. Se simples Almas têm o dom da ubiqüidade, em Deus-em-processo há de ser sem limites essa faculdade. Enchendo Deus o Universo, poder-se-ia ainda admitir, a título de hipótese, que esse foco não precisa transportar-se, por se formar em todas as partes onde a soberana vontade julga conveniente que ele se produza, donde o poder dizer-se que está em toda parte e em parte nenhuma.
Diante desses problemas insondáveis, cumpre que a nossa razão se humilhe. Deus existe: disso não poderemos duvidar. É infinitamente justo e bom: essa a sua essência. A tudo se estende a sua solicitude: compreendemo-lo. Só o nosso bem, portanto, pode ele querer, donde se segue que devemos confiar nele: é o essencial. Quanto ao mais, esperemos que nos tenhamos tornado dignos de o compreender.
Se Deus-em-processo está em toda parte, por que não o vemos? Vê-lo-emos quando deixarmos a Terra? Tais as perguntas que se formulam todos os dias.
À primeira é fácil responder. Por serem limitadas as percepções dos nossos órgãos visuais, elas os tornam inaptos à visão de certas coisas, mesmo materiais. Alguns fluidos nos fogem totalmente à visão e aos instrumentos de análise; entretanto, não duvidamos da existência deles. Vemos os efeitos da eletricidade, mas não vemos o fluido que a transporta; vemos os corpos em movimento sob a influência da força de gravitação, mas não vemos essa força.
Os nossos órgãos materiais não podem perceber as coisas de essência espiritual. Unicamente com a visão espiritual é que podemos ver as Almas e as coisas do mundo imaterial. Somente a nossa alma, portanto, pode ter a percepção de Deus. Dar-se-á que ela o veja logo após a morte? A esse respeito, só as comunicações de além-túmulo nos podem instruir. Por elas sabemos que a visão de Deus constitui privilégio das mais purificadas almas e que bem poucas, ao deixarem o envoltório terrestre, se encontram no grau de desmaterialização necessária a tal efeito. Uma comparação vulgar o tornará facilmente compreensível.
Uma pessoa que se ache no fundo de um vale, envolvido por densa bruma, não vê o Sol. Entretanto, pela luz difusa, percebe que está fazendo sol. Se entra a subir a montanha, à medida que for ascendendo, o nevoeiro se irá tornando mais claro, a luz cada vez mais viva. Contudo, ainda não verá o Sol. Só depois que se haja elevado acima da camada brumosa e chegado a um ponto onde o ar esteja perfeitamente límpido, ela o contemplará em todo o seu esplendor.
O mesmo se dá com a alma. O envoltório, conquanto nos seja invisível e impalpável, é, com relação a ela, verdadeira matéria, ainda grosseira demais para certas percepções. Ele, porém, se espiritualiza, à proporção que a alma se eleva em moralidade. As imperfeições da alma são quais camadas nevoentas que lhe obscurecem a visão. Cada imperfeição de que ela se desfaz é uma mácula a menos; todavia, só depois de se haver depurado completamente é que goza da plenitude das suas faculdades.
Nenhum homem, conseguintemente, pode ver a Deus com os olhos da carne. Se essa graça fosse concedida a alguns, só o seria no estado de êxtase, quando a alma se acha tão desprendida dos laços da matéria que torna possível o fato durante a prevalência da justiça divina da chance de estar aqui outra vez.
Sob que aparência se apresenta Deus aos que se tornaram dignos de vê-lo? Será sob uma forma qualquer? Sob uma figura humana, ou como um foco de resplendente luz? A linguagem humana é impotente para dizê-lo, porque não existe para nós nenhum ponto de comparação capaz de nos facultar uma idéia de tal coisa. Somos quais cegos de nascença a quem procurassem inutilmente fazer compreendessem o brilho do Sol. A nossa linguagem é limitada pelas nossas necessidades e pelo círculo das nossas idéias; a dos selvagens não poderia descrever as maravilhas da civilização; a dos povos mais civilizados é extremamente pobre para descrever os esplendores dos céus, a nossa inteligência muito restrita para os compreender e a nossa vista, por muito fraca, ficaria deslumbrada
Indo um pouco mais além nestes ensaios, podemos acrescentar uma máxima filosófica de Joseph de Maistre, os quais alguns o julgam suspeito por ser esotérico, ela é:
"Ninguém afirma: “Deus não existe, sem antes ter desejado que Ele não exista".
Com efeito, o devedor insolvente gostaria que seu credor não existisse. O pecador que não quer deixar o pecado, passa a negar a existência de Deus.
Por isso, quando se dá as provas da existência de Deus para alguém, não se deve esquecer que a maior força a vencer não é a dos argumentos dos ateus, e sim o desejo deles de que Deus não exista. Não adiantará dar provas a quem não quer aceitar sua conclusão. Em todo caso, as provas de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, que citaremos a seguir, a respeito da existência de Deus têm tal brilho e tal força que convencem a qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de retidão intelectual.
É para essas pessoas que iremos apresentar um pequeno resumo dos argumentos de São Tomás de Aquino sobre a existência de Deus, já concluindo esta coleção de ensaios , não sendo , acredito, necessário mais argumentos para a Natureza da Existência de Deus, mas sim a conclamação das evidências tão simples que observamos no dia a dia com Deus em Processo na nossa vida.
Inicialmente, pergunta São Tomás de Aquino se a existência de Deus é verdade de evidência imediata. Ele explica que uma proposição pode ser evidente de dois modos:
a) Em si mesma, mas não em relação a nós;
b) Em si mesma e para nós.
Uma proposição é evidente quando o predicado está incluído no sujeito. Por exemplo, a proposição o homem é animal é evidente, já que o predicado animal está incluso no conceito de homem.
Quando alguns não conhecem a natureza do sujeito e do predicado, a proposição embora evidente em si mesma, não será evidente para eles. Ela será evidente apenas para os que conhecem o que significam o sujeito e o predicado. Por exemplo, a frase: "O que é incorpóreo não ocupa lugar no espaço", é evidente em si mesma e é evidente somente aqueles que sabem o que é incorpóreo.
Tendo em vista tudo isso, São Tomás de Aquino diz que:
a) A proposição "Deus existe" é evidente em si mesma porque nela o predicado se identifica com o sujeito, já que Deus é o próprio ente.
b) Mas, com relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é evidente, mas precisa ser demonstrada. E o que se demonstra não é evidente.
O que é evidente para nós não cabe ser demonstrado.
Portanto, a existência de Deus pode ser demonstrada. Contra isso, São Tomás de Aquino dá uma objeção, dizendo que a existência de Deus é um artigo de fé. Ora, o que é de fé não pode ser demonstrado. Logo, concluir-se-ia que não se pode demonstrar que Deus existe. São Tomás ensina que há dois tipos de demonstração:
a) Demonstração propter quid (devido a que)
É a que se baseia na causa. Ela parte do que é anterior (a causa) discorrendo para o que é posterior ( o efeito).
b) Demonstração quia (porque)
É a que parte do efeito para conhecer a causa.
Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.
A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem ser conhecidos pela razão, como diz São Paulo Rom. I, 19, não são artigos de fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível.
Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.
É Suma Teológica que São Tomás de Aquino expõe as provas da existência de Deus. O Tomismo. São as famosas 5 vias tomistas.
Iª Via - Prova do movimento: É a prova mais clara. É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.
Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão. Há mudanças acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde. Há mudanças quantitativas. Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação. Há mudanças locais. Ex: Pedro vai ao Rio.
Nas coisas que mudam, podemos distinguir:
a) As qualidades ou perfeições já existentes nelas.
b) as qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser recebidas por um sujeito.
As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.
As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor vermelha em Potência.
Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.
M = PX ---->> AX
Nada pode passar, sozinho, de potência para uma perfeição, para o Ato daquela mesma perfeição. Para mudar, ele precisa da ajuda de outro ser que tenha aquela qualidade em Ato.
Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser - o fogo - que tenha calor em Ato.
Outro exemplo: A parede branca em Ato, vermelha em potência, só ficará vermelha em Ato caso receba o vermelho de outro ser - a tinta - que seja vermelho em Ato.
Em outras palavras, tudo o que muda é movido por outro. É movido aquilo que estava em potência para uma perfeição. Em troca, para mover, para ser motor, é preciso ter a qualidade em ato. O fogo (quente em ato) move, muda a panela (quente em potência) para quente em ato.
Ora, é impossível que uma coisa esteja, ao mesmo tempo, em potência e em ato para a mesma qualidade.
Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida. Se a panela está quente em ato ela não tem potência para ser aquecida.
É portanto impossível que uma coisa seja motor e móvel, ao mesmo tempo, para a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa mude a si mesma.
Tudo o que muda é mudado por outro.
Tudo o que se move é movido por outro.
Se o ente 1 passou de Potência de x para Ato x, é porque o ente 1 recebeu a perfeição x de outro ente 2 que tinha a qualidade x em Ato.
Entretanto, o ente 2 só pode ter a qualidade x em Ato se antes possuía a capacidade - a potência de ter a perfeição x.
Logo, o ente 2 passou, ele também, de potência de x para Ato x. Se o ente 2 só passou de PX para AX, é porque ele também foi movido por um outro ente, anterior a ele, que possuía a perfeição x em Ato.
Por sua vez, também o ente 3 só pode ter a qualidade x em Ato, porque antes teve Potência de x e só passou de PX para AX pela ajuda de outro ente 4 que tinha a qualidade x em Ato. E assim por diante.
PX ---> AX PX (5) ---> AX PX (4) ---> AX PX (3) ---> AX PX (2) ---> AX (1)
Esta seqüência de mudanças ou é definida ou indefinida. Se a seqüência fosse indefinida, não teria havido um primeiro ser que deu início às mudanças.
Em outras palavras, em qualquer seqüência de movimentos, em cada ser, a potência precede o ato. Mas, para que se produza o movimento nesse ser, é preciso que haja outro com qualidade em ato.
Se a seqüência de movimentos fosse infinita, sempre a potência precederia o ato, e jamais haveria um ato anterior à potência. É necessário que o movimento parta de um ser em ato. Se este ser tivesse potência, não se daria movimento algum. O movimento tem que partir de um ser que seja apenas ato.
Portanto, a seqüência não pode ser infinita.
Ademais, está se falando de uma série de movimentos nas coisas que existem no universo.
Ora, esses movimentos se dão no espaço e no tempo. Tempo-espaço são mensuráveis. Portanto, não são movimentos que se dão no infinito.
A seqüência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita.
E que o universo seja finito se compreende, por ser ele material. Sendo a matéria mensurável, o universo tem que ser finito.
Que o universo é finito no tempo se comprova pela teoria do Big Bang e pela lei da entropia. O universo principiou e terá fim. Ele não é infinito no tempo.
Logo, a seqüência de movimentos não pode ser infinita, pois se dá num universo finito.
Ao estudarmos as cinco provas de S. Tomás de Aquino sobre a existência de Deus, devemos ter sempre em mente que ele examina o que se dá nas "coisas criadas", para, através delas, compreender que existe um Deus que as criou e que lhes deu as qualidades visíveis, reflexos de suas qualidades invisíveis e em grau infinito.
Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes do primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO. Ele é apenas ATO, isto é, tem todas as perfeições.
Este ser é Deus.
Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva. Este ser que é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no passado. Deus não pode dizer "eu serei bondoso", porque isto implicaria que não seria atualmente bom, que Ele teria potência de vir a ser bondoso.
Deus também não pode dizer "eu fui", porque isto implicaria que Ele teria mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode usar o verbo ser no presente. Por isso, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu "Eu sou aquele que é" (aquele que não muda, que é ato puro).
Também Jesus Cristo ao discutir com os fariseus lhes disse: "Antes que Abraão fosse, eu sou" (Jo. VIII, 58). E os judeus pegaram pedras para matá-lo porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus.
Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: "a quem buscais ?", e, ao dizerem "a Jesus de Nazaré", ele lhes respondeu: "Eu sou". E a essas palavras os esbirros caíram no chão, porque era Deus se definindo.
Do mesmo modo, quando Caifás esconjurou que Cristo dissesse se era o Filho de Deus, Ele lhe respondeu: "Eu sou". E Caifás entendeu bem que Ele se disse Deus, porque imediatamente rasgou as vestes dizendo que Cristo blasfemara afirmando-se Deus.
Deus é, portanto, ATO puro. É o ser que não muda. Ele é aquele que é. Por isso, a verdade não muda. O dogma não muda. A moral não evolui. O bem é sempre o mesmo. A beleza não muda.
Alguns pensadores modernos afirmam que a verdade, o dogma, a moral, a beleza evoluem, eles estão dizendo que Deus evolui, que Ele não é ATO puro. Eles afirmam que Deus é fluxo, é ação, é processo e não um ente substancial e imutável, e isso pode ser verdade, assim como o é apontado no transcorrer destes ensaios, pois tivemos 02 revelações bem explícitas na Bíblia, o qual uma ocorreu e é apresentada no Velho testamento – “O Olho por Olho e Dente por Dente”, outra é no Novo Testamento, que é “Amar ao próximo como a ii mesmo”. São Thomas de Aquino , afirma o ATO, mas o ATO é imutável, Deus- em- processo que não o é, Logo o pensamento moderno nada se equivoca quanto as deduções de São Tomas de Aquino, muito pelo contrário, o ajuda a confirmar a própria existência e sua evolução ao longo da depuração que o Homem passa durante seu período de vida.
Prova da causalidade eficiente: Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.
Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for supressa uma causa, fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.
Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.
Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.
O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.
O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.
Prova da contingência: Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua essência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.
Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.
Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.
Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes. Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente - tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.
Dos graus de perfeição dos entes: Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que Cuiabá é mais bela que Rio Branco.
Nessa proposição, há três termos: Cuiabá , Rio Branco e Beleza da qual Cuiabá participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.
Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.
Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.
Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, 19). E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê no Gêneses ( I ). Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era "valde bona", isto é, ótimo.
Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás de Aquino explica essa questão na Suma contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.
Prova da existência de Deus pelo governo do mundo: Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.
Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A este ser chamamos Deus.
Uma variante dessa prova tomista aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.
Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para diante, ver-se-á a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda seqüência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda seqüência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira seqüência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo.
Este ser sapientíssimo é Deus- em - processo.
“...Eu creio em Deus! Não creio no Deus que os homens fizeram à sua imagem e semelhança; mas creio no Deus que fez os homens à imagem e semelhança da Justiça e do Amor.
Eu não creio no Deus subalterno das religiões que escravizam a consciência; mas eu creio no Deus que é o Grande Arquiteto do Universo, que tudo fez justo e perfeito, nas dimensões exatas do compasso e do esquadro, através de cuja realidade é que fica o olho que tudo pode perceber.
Não creio nesse Deus limitado da ignorância humana, mas creio no Deus cósmico que transcende a capacidade do homem de o entender. Que é pré-existente ao conceito da vida e que será sobrevivente ao esmagar dos tempos...”
François-Marie Arouet de Voltaire (1694-1778)
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