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quinta-feira, 18 de março de 2010

A ESSÊNCIA DO RETORNO

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oroborus

Na linguagem dos Ritos afro-brasileiros da umbanda e quimbanda, existe uma palavra comumente usada , mironga. Ela tem a tradução literal de mistério; mas no sentido popular , significa algo que pode ajudar, servir de amuleto, dar sorte ou tirá-la.

É então a mironga simplesmente uma superstição ou uma crença folclórica? Não. E a imagem tantas vezes usada por nós de que a vida é um grande espelho que reflete os nossos próprios atos, que se fazermos caretas para ele, o espelho, jamais poderemos esperar que ele nos sorria, é a grande realidade que agora estudaremos com o nome de essência do retorno.

Não é a sugestão, palavra que tudo quer explicar sem nada conseguir, o fato de que muitas coisas que nos acompanham na vida cotidiana, nos dão ou nos tiram a paz e o sossego, criando para nós a sorte ou a desgraça, tornando-nos felizes ou infelizes.

Podemos até mesmo afirmar que as estátuas, os teremins e inclusive os quadros, podem ter essa particularidade projetada por seus apreciadores; que antiguidades tem uma remanescência conhecida em psicometria que poderá ser benéfica ou maléfica aos seus possuidores; que as influências das pedras preciosas e semi-preciosas estão também dentro dessa lei de  comunicação. Mas pouco ou nada tem a ver com isso, o que aqui denominaremos de essência do retorno ou “mironga”

Como o nome indica, é essa essência o resultado de uma ação prismática de algo que projetamos e cujo raio voltará a nós bem mais forte do que foi transmitido, embora sempre dentro do mesmo conceito intencional com que foi dirigida. Está ela dentro de tudo o que nos rodeia, principalmente dentro de nosso lar ou no nosso local de trabalho.

O Amor que projetamos sobre os nossos livros, objetos de arte, móveis, tapetes,  jóias e até equipamentos eletrônicos, é algo que recebemos de volta imediatamente, por formarem todas essas coisas , uma parte do todo do nosso ser. Como muitas vezes já ficou esclarecido, um mago não é apenas um ser físico, psíquico e espiritual, mas sim a complementação de tudo que o rodeia.

Cuidar do que é nosso não é avareza, mas sim dedicação e um cerimonial transcendental daquele que sabe que todo o objeto tem uma permanência que não se desfaz. As coisas sentem e está em nossas mãos dar-lhes a essência da vida. Na operação do retorno voltará a nós transformada em essência de inspiração, de complementação e de harmonia íntima. Um livro somente é capaz de nos transmitir toda a sua sabedoria quando tratado com carinho e não apenas como um simples instrumento, pois dessa forma sós receberíamos a parte exotérica, fria e sem alma, de toda a cultura literária, mas é preciso aprender a lê-lo acariciando-o. Então, poderemos abrÍ-lo ao acaso, com a certeza de que o que lermos naquele momento, será o estímulo para uma inspiração.

O Homem deve tocar o objeto com os olhos ou com as mãos, pondo-se em uma linha psicométrica, tanto com a época em que ele foi criado como com a sensibilidade do artista seu criador. É necessário aprender a admirar um quadro com os olhos da Alma, saber entrar no labirinto mandálico e yântrico de um tapete persa, e fazer-se transportar ao mundo encantado dos contos das Mil e uma noites………

Devemos ainda compreender que o Homem não deve dormir no mesmo lugar onde trabalha, come, estudo ou reza, pois que estes são mundo diferentes e o alimento espiritual não é o que mesmo que o físico e o psíquico. Um Homem que dormisse num Templo poderia ser atacado psiquicamente e tornar-se louco, pois as vibrações elementais e elementares, são demasiado fortes para o estado onírico, desprovido de auto-defesas.

O nosso quarto de dormir deverá sempre estar limpo de resíduos, ser um lugar ventilado e fresco, com objetos que nos levem à nossa primeira infância , tais como bonecos, pois que estes são os guias que  nos farão chegar aos melhores sonhos. A Sala de Estudos deverá conter um caudal de sabedoria onde os Livros deverão estar ao alcance das nossas mãos, assim como o papel e o lápis, para que facilmente possamos dar expansão ao que a sabedoria nos dite, e que tudo nos inspire e nos convide a trabalhar, não faltando também as Flores, criação máxima da nossa mãe natureza. O Lugar onde rezamos, deverá ser um verdadeiro círculo mágico, fechado a qualquer outra atividade e, o recando onde nos alimentamos, deve no s inspirar para chegarmos até Baco ou Heliogábalo, também grandes fontes de energia.

Aqui nasce a dúvida, se aquele deserdado pela sorte e que só disponha de um pequeno quarto para todas as suas atividades, estaria necessariamente condenado ao desiquilíbrio e à desarmonia do ambiente?. Não, pois bastará que ele saiba dividí-lo, reservando um pequeno canto para cada uma das suas atividades sem misturá-las. E deverá saber então fechar, com as paredes e muralhas mentais do seu pensamento, cada um dos ambientes desse seu pequeno mundo. A Verdadeira separação está em, cada vez mais, sentir-se como um autêntico taboleiro de xadrez, na qual, em cada casa, continuemos mentalmente o jogo da vida, para assim conseguirmos a verdadeira essência do retorno.

“ O ESCRITOR MAÇOM”

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