REFLEXÕES HISTÓRICAS SOBRE A MAÇONARIA E O MOVIMENTO POLITICO E SOCIAL DO BRASIL
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A MAÇONARIA SOCIAL
De acordo com o Irmão Lyman Frank Baum, publicado no “site” http://www.comunidademaconica.com.br/Maconaria/Macons/default.aspx, políticos, governantes, artistas, empresários, líderes religiosos, intelectuais, militares, educadores e benfeitores da humanidade são contados entre os maçons. Estados Unidos, Inglaterra, Brasil, Canadá, Alemanha, Austrália e França estão entre as nações com maior número de maçons e lojas maçônicas. Os Estados Unidos contam atualmente com cerca de 3,2 milhões de maçons e 13 mil lojas, equivalendo a 52% dos maçons de todo o mundo. São mais de 35 mil lojas maçônicas e 5,5 milhões de maçons em todo o mundo. No Reino Unido, 1,2 milhão de maçons, com um percentual de 22% em relação ao total geral e 1 milhão no resto do mundo, ou 20%. No Brasil, estima-se em 230 mil o número de maçons em todo o território nacional, em 4.700 lojas maçônicas, em 27 Grandes Lojas, 18 Grandes Orientes Independentes nos Estados da União e um número não determinado de lojas maçônicas filiadas ao Grande Oriente do Brasil (GOB), escrito pelo Ir. Renato Gabriel no site: www.brasilmacon.com.br/origemmaconaria.htm
Segundo o Dicionário da Maçonaria, de Joaquim Gervásio de Figueiredo, no verbete Franco-maçonaria, "[a Maçonaria] foi fundada em 24 de junho de 1717, em Londres". O termo maçom, segundo o mesmo dicionário, provém do inglês mason e do francês maçom, que quer dizer “pedreiro”, e do alemão metz, “cortador de pedra”. A origem da Maçonaria está ligada às lendas de Ísis e Osíris, no Egito; ao culto a Mitra, vindo até a Ordem dos Templários e à Fraternidade Rosa Cruz. Em 1723, o reverendo anglicano James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria, sendo até hoje documentos universalmente aceitos como base de todas as lojas maçônicas.
Nesta linha de definições, vejamos a do Ir. Bernhard Jungens, da Loja Absalon zu den drei Nesseln, n° 1 da Alemanha:
A Maçonaria não é um movimento político, nem uma sociedade de interesses, nem uma associação religiosa, nem uma associação secreta. É uma associação de Irmãos, vista em evidência por todo o mundo, e está acima da política, da nacionalidade, da raça e das fronteiras. Ela deve unir os homens que, caso contrário, jamais se encontrariam. Ela deve superar a separação entre os homens, destruir contradições e tirar o homem do isolamento do trabalho e do mundo de consumo, através do maior engajamento do ser humano. É uma associação de cunho ético que, por seu procedimento comprovado, transmite os seus valores ao longo dos séculos sem nunca ficar fora de moda. Assim, humanidade, boas maneiras, confiança, fraternidade, liberdade, justiça e tolerância são critérios de orientação para o próprio pensamento e crítica para um modo de conduta e estilo de vida.
Conforme hoje se encontra descrito em diversos trabalhos apresentados e discutidos em lojas maçônicas e também contido na coleção “A Ciência Maçônica e as Civilizações”, depois da Inglaterra, a Maçonaria aparece na Alemanha em 1727, com a fundação da Loja “Charles die reunion” (“Carlos a reunião”), no Oriente de Manheim pelo Conde de Schaumburg, Irmão Albrecht Wolfgang. Contudo a Loja trabalhou a descoberto, não tendo registro de reconhecimento. O nome francês pode ter sido a causa. A Loja n° 1 da Alemanha é a “Absalon Zu Den Drei Nesseln Nº 1” (“Absalon às Três Urtigas”) de Hamburgo, fundada em 6 de dezembro de 1737 com o nome de Loge d’ Hambourg e assim denominada até 1743. Loja na qual Frederico, o Grande, foi recebido. Esse evento foi um sinal. Em seguida, novas lojas foram fundadas em todas as cidades maiores da Alemanha, dando vigor à Maçonaria Alemã (Ritual de Aprendiz do Rito Schröder, Colégio de Estudos do Rito do Oriente de Santa Catarina, 2006). E daí por toda a Europa.
Mesmo com a oposição da Igreja, a Maçonaria tem adeptos de todas as religiões, pois aceita pessoas de diversos credos. No Brasil, marcou presença na Inconfidência Mineira. Foi na casa de Silva Alvarenga que se formou uma academia literária, que na verdade era uma loja maçônica. Neste mesmo lugar foi iniciado na Maçonaria o conhecido Tiradentes. A bandeira da Inconfidência tinha o dístico libertas quae sera tamem e o triângulo maçônico. Gonçalves Ledo e José Bonifácio, com outros maçons, planejaram a Independência do Brasil. Um mês depois de proclamar a Independência, D. Pedro I foi aclamado Grão-Mestre Geral da Maçonaria no Brasil e o Marechal Deodoro ocupava este cargo ao proclamar a República em 1889 (ASLAN, 1973).
Muitos homens ilustres, com relevantes serviços prestados à humanidade, no Brasil ou nos demais países, têm seus nomes vinculados à Ordem. Nos EUA, a partir de George Washington, 15 presidentes, 18 vice-presidentes e mais de 35 juízes da Suprema Corte foram ou são maçons. No Brasil, como em outras nações do continente sul-americano, vários líderes de movimentos de independência, de abolição do escravismo e de instalação e consolidação da República foram ou são maçons.
Considerando o trabalho operativo da Ordem Maçônica em todo o mundo, com um recorte no Brasil, verificamos os trabalhos de maçons ilustres, que por intermédio da discussão dos assuntos em lojas maçônicas e articulação de ações políticas na sociedade deram imensa contribuição de desenvolvimento social em suas épocas.
A Maçonaria se organiza desde o Século XVII e participa da maioria das mudanças sociais por todo o mundo. No Brasil, tem participação direta na Independência e na Proclamação da República, como vimos anteriormente neste texto. Sua ação operativa na sociedade vai até meados do Século XX, quando passa a trabalhar endogenamente, buscando sua organização em poderes constituídos, em sua ritualística e na fraternidade entre os maçons.
Porém a sociedade muda rapidamente, com o desenvolvimento tecnológico por todo o mundo. Muitos maçons passam a assumir cargos eletivos, como os de prefeito, governador, vereador, deputado estadual e federal, senador e presidente da República, sem que a Maçonaria sequer se aperceba disso. Na verdade, ela nunca se preocupou em discutir em suas oficinas ações de políticas públicas a serem compartilhadas com esses irmãos, que estavam sendo eleitos para os mais diversos cargos deste país, assim como aqueles maçons que assumem cargos em autarquias, fundações, secretarias e outros. Onde estava a ação da instituição maçônica? Que apoio foi dado a esses irmãos? Que compromissos eles passaram a ter com a instituição, que não lhe deu nenhum respaldo durante as campanhas?
Foi o que vimos na sociedade: mesmo com uma quantidade enorme de maçons em cargos públicos, eles se perdem diante da corrupção exagerada em todos os poderes. O ambiente entra em colapso com a devastação frente ao poderio econômico e o aumento da criminalidade.
Vejamos a sociedade, depois de a Maçonaria voltar-se para dentro de suas oficinas – não que ela seja culpada por isso, mas pela sua inoperância junto aos poderes públicos em discutir com os maçons políticos ações de desenvolvimento com sustentabilidade e propor políticas públicas. Entre o final da década de 80 e início dos anos 90, o modelo de Estado, excessivamente hegemônico, centralizador e burocrático passou a ser duramente questionado mundialmente. A sua estrutura paternalista e demasiadamente afastada da sociedade civil mostrou-se incapaz de solucionar os novos problemas sociais, como a crise econômica globalizada, o aumento do desemprego, da exclusão social e da criminalidade, além de propiciar um cenário favorável à prática da corrupção e do clientelismo.
A ineficiência desse modelo de gestão pública no enfrentamento dos desafios e sua incapacidade de atender a todas as demandas da população criaram, ao longo do tempo, um clima de desconfiança em relação ao governo. O agravamento desse quadro deflagrou uma profunda crise no sistema.
Verifica-se neste momento que o principal desafio ético da sociedade brasileira é banir a fome e a miséria do seio do nosso povo. O maior desafio social é livrar da pobreza cerca de ¼ da população, estabelecendo mecanismos de estímulo à sua inclusão digna no processo de desenvolvimento do Brasil.
Diante da grandeza desse desafio, não se pode imaginar que ele será vencido pela repetição dos mesmos erros do passado, que atenderam insuficientemente a alguns setores ou regiões. O Brasil precisa aproveitar oportunidades de alterar efetivamente os velhos paradigmas orientados para a concentração dos ativos e da renda, para a superexploração dos recursos naturais e para a discriminação de oportunidades.
A solução definitiva virá apenas com a aceitação de que transformações importantes deverão ocorrer na sociedade com o estabelecimento de padrões de desenvolvimento sustentáveis em todos os setores, continuamente aprimorados por meio de ordenamentos dinâmicos e democraticamente conduzidos.
Para que esses expressivos avanços aconteçam, será preciso aprofundar mudanças e avançar em direção a novos paradigmas nas relações entre o Estado e a sociedade, estabelecendo políticas públicas duradouras e abrangentes, com instrumentos focados nas transformações pretendidas, que estimulem o desenvolvimento descentralizado e a autogestão.
Isso depende da definição de um projeto para o país, o que vem se delineando pelas escolhas recentes da sociedade brasileira e que deverá ser concretizado, ao longo dos anos, com a negociação na sociedade, em suas representações e clubes de serviços. Isto porque também a Maçonaria não propõe esta discussão, a começar pelas suas oficinas através de seus dignos representantes que ocupam cargos na política. Esse “Projeto País” deverá ser inovador para estar à altura das necessidades e anseios da sociedade nacional.
Para que este processo aconteça em todo o território nacional, e para que ele se transforme em uma efetiva conquista democrática, será necessário promover o desenvolvimento com sustentabilidade numa perspectiva regional, em que se coloca cada local que compõe o território nacional, e cada loja maçônica, na educação, agricultura, segurança e saúde.
Nada mais inovador do que estimular o desenvolvimento endógeno desses locais, partindo da ampliação da capacidade de mobilização, organização, diagnóstico, planejamento e autogestão das populações locais. Nada mais avançado do que orientar políticas públicas segundo as demandas expressadas pelas comunidades e organizações da sociedade, reconhecendo as especificidades de cada território e ofertando instrumentos de desenvolvimento que atendam a essas características.
Nesse cenário, um novo paradigma de administração pública deve ser delineado, com foco no planejamento participativo, na transparência financeira, na melhor produtividade do uso de recursos e, principalmente, na promoção de uma organização descentralizada. Esse debate, na Maçonaria, deve ser promovido inicialmente nas lojas maçônicas e depois junto aos poderes constituídos.
É necessária uma nova forma de administração da esfera pública que priorize o envolvimento de atores políticos, sociais e econômicos, como corporações, organizações da sociedade civil e outras entidades representativas, não deixando a resolução dos problemas sob responsabilidade exclusiva do Estado. Esse modelo de gestão permitirá uma maior conexão entre os três setores, que devem, em parceria, identificar temas convergentes, pactuar soluções e firmar o compromisso de trabalhar pelo bem comum, contribuindo efetivamente para a promoção do bem-estar social.
A instituição maçônica poderia promover o debate e a participação ativa da comunidade, tornando-a cada vez mais responsável pela identificação dos principais problemas e pela busca das soluções, fazendo com que se sinta parceira na cooperação social e na negociação política. Isso significa valorizar o potencial da inteligência coletiva, o saber de quem mais conhece a realidade de uma determinada localidade, cidade ou região: as pessoas que nelas vivem. É esse envolvimento comunitário que vai garantir a implementação do desenvolvimento com sustentabilidade, que só acontecerá quando a sociedade se apoderar do compromisso de mudar a sua realidade.
É importante destacar que o estímulo à conscientização e a ação social não significa sobrepujar a política tradicional, suas práticas e seus representantes. Somente o trabalho dos poderes constituídos pode legitimar o debate público e promover as profundas mudanças sugeridas por essa iniciativa, cujo objetivo é complementar o exercício da governabilidade e não substituí-lo.
O setor empresarial também cumpre uma função importante no estabelecimento deste processo. É por meio do investimento social privado que as empresas promovem projetos que viabilizam o enriquecimento moral e material de uma região, revitalizando e mobilizando a comunidade a desenvolver o empreendedorismo em seus próprios negócios.
As soluções e o desenvolvimento propostos só serão alcançados se forem construídos coletivamente, respeitando-se a participação de todos os setores e valorizando a contribuição de cada um dentro de suas capacidades. São essas premissas que vão garantir a implementação deste processo, cujo maior objetivo é servir ao povo.
Fazendo um recorte da Maçonaria de nossos primórdios, sua concepção era de erguer “templos à virtude e cavar masmorras aos vícios”, ou seja, trabalhar operativamente para modificar a sociedade, colocando o homem no centro do desenvolvimento, pelos seus saberes e fazeres.
É um desafio, mas é possível, pois a instituição maçônica se encontra na maioria dos municípios de nosso país, ou pelo menos próximo das zonas de divergência social. Um programa social bem discutido entre os maçons que ocupam cargos públicos com certeza teria sucesso e em breve constituiria uma sociedade mais fraterna e consciente da necessidade de preservar o meio ambiente tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.
Por Irmão Medson Janer, GOEMT - Cuiabá - MT
BIBLIOGRAFIA:
Cidade Maçônica – Maçom na Política. Lyman Frank Baum.
Origem da Maçonaria. Renato Gabriel.
Números e Impressões da Maçonaria Mundial e Regional.
A Maçonaria e a Independência do Brasil
Monografias Maçônicas - Ir.`.William Almeida Carvalho 33 – A Maçonaria e a República do Brasil.
Contexto Político. Lúcio Machado Borges, 2009.
A Ciência Maçônica e as Antigas Civilizações. 1ª edição - São Paulo: Editora Universitária, 1977; 2ª edição – São Paulo: Traço Editora, 1980.
ASLAN, Nicola. História Geral da Maçonaria: fatos da Maçonaria brasileira. Rio de Janeiro: Aurora. 1973.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, seu Histórico. São Paulo: Editora Pensamento, 1990.
JUNRGENS, Bernhard. “Noite dos Convidados”. Texto publicado pela Loja Absalom zu den drei nesseln, n.1. 2001. Anais.
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