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segunda-feira, 26 de abril de 2010

O ENIGMA DO E-BOOK: DECIFRA-ME OU TE DEVORO!!

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NOTICIA / ARTIGO COLHIDO NO SITE VEJA.COM DATADO DE 23/04/2010

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O e-book desafia o mercado de livros como um enigma da esfinge da Antiguidade. "Decifra-me ou te devoro." Os editores, que há anos encaram a ascensão dos e-readers, dispositivos portáteis de leitura digital, se debatem entre as promessas do novo formato (entre elas, a de atingir leitores em qualquer parte do globo) e o receio de serem abocanhados por ele. A apreensão cresceu recentemente com o lançamento do iPad. A nuvem de expectativa, incerteza e planos se formou em torno do tablet da Apple, que aprimorou a maneira de apresentar textos eletronicamente com recursos touch screen. Mas ainda se trata de uma nuvem, que até agora só revelou uma certeza: o livro eletrônico chegou para ficar. "O modelo de negócio no futuro vai ser completamente distinto do que conhecemos hoje", prevê Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livro (Snel). "Mas várias questões ainda não estão claras", completa.

Entre os enigmas dos e-readers está o preço do livro eletrônico, o e-book. Uma vez que sua produção elimina gastos de impressão, papel e transporte ao ponto de venda, o custos e, portanto, o preço das obras digitais poderiam ser sensivelmente inferiores aos do livro tradicional. E são. Outra charada: no novo cenário, como seria a remuneração de autores e editoras? Mais uma: qual dos formatos oferecidos por fabricantes de e-readers se tornará padrão? Como sobreviverão as livrarias, se um dia todas as obras puderem ser adquiridas pela internet, por exemplo? Finalmente: como evitar que o arquivo digital, facilmente reproduzível e compartilhável em ambiente virtual, vire alvo de pirataria, repetindo com a indústria do livro o que o formato MP3 fez com a dos discos?

"No Brasil, o número de equipamentos de leitura eletrônica ainda é ínfimo. Vamos ter de esperar mais tempo para ver o que vai acontecer no mercado externo e depois tomarmos uma posição", afirma Sérgio Machado, presidente da Record, maior editora do país no campo de obras não-didáticas, que acumula em acervo 6.500 títulos. "Na nossa economia editorial, não podemos ficar brincando com as tecnologias."

Nos Estados Unidos, editoras, livrarias on-line e fabricantes já fecharam contratos vultosos. O iPad, recém-chegado ao mundo, tem a sua própria loja de obras digitais, a iBookStore. Com um catálogo de mais de 60.000 títulos de grandes editoras como HarperCollins, Macmillan, Penguin e Simon & Shuster, o endereço eletrônico da Apple já vendeu 600.000 e-books desde o seu lançamento, no dia 3 de abril. O mercado é promissor. Segundo amostragem da Associação Americana de Editores (AAP), que analisou dados de treze companhias dos EUA, a venda de e-books cresceu 176% em 2009. O faturamento com eles bateu em 113 milhões de dólares - pouco se comparado aos 24 bilhões de dólares gerados pela indústria como um todo, mas ainda assim um nicho em ascensão. Já a venda de dispositivos eletrônicos de leitura - como o iPad ou Kindle, da Amazon - devem saltar de 5 milhões, em 2009, para 12 milhões de unidades em todo o mundo.

É verdade que já houve enfrentamentos entre os tradicionais editores e os novos parceiros do negócio. No iníco deste ano, a Macmillan e a Amazon se estranharam por conta do preço das obras em formato eletrônico oferecidas na livraria on-line. A Macmillan exigia valores entre 12,99 e 14,99 dólares; a Amazon queria cobrar 9,99 dólares. Durante o impasse, a livraria retirou de seu site todas as obras da Macmillan, mas por fim cedeu e voltou a fazer as vendas. O receio de muitas editoras (e também livrarias) é que o produto virtual acabe por "canibalizar", como se diz na gíria de mercado, o item físico - que, em geral, custa mais caro. Um exemplo brasileiro: o livro Headhunter - Os Bastidores Do Mundo Corporativo sai por 59,90 reais, enquanto sua versão virtual custa 27,93 no formato ePub, vendido pelo site da Livraria Cultura.

No início deste mês, a livraria começou a vender e-books no formato PDF e ePub - reconhecido pela maioria dos e-readers, como iPhone, Blackberry, e também por computadores pessoais e da Apple. De acordo com Sérgio Herz, diretor de operações da rede, serão 120.000 títulos importados disponíveis para download e mais 500 nacionais. E há outra boa notícia para o leitor: "Algumas editoras determinaram que suas versões digitais serão 30% mais baratas do que as correspondentes em papel", afirma Herz. Embora o preço final ao consumidor pareça atrativo, ele não acredita que as páginas digitais ocuparão grande espaço de seu negócio no curto prazo. "No começo, as vendas serão tímidas. Ainda vivemos o princípio da era digital para livros", diz o diretor. Um editor concorda. "Ainda há muito barulho nessa história", diz Matinas Suzuki Jr., da Companhia das Letras. "Esse mercado vai crescer muito lentamente, por dois motivos. Primeiro: não há muitos títulos disponíveis em formato digital. Segundo: os aparelhos ainda são caros." Nos EUA, o Kindle custa 259 dólares, e o iPad, 499 dólares. O modelo Cool-er, vendido no Brasil, sai por 750 reais.

Assim como a Cultura, que conta com nove lojas no Brasil, livrarias de menor porte terão de se adequar às mudanças de mercado que se avizinham. "Elas terão que adquirir muita tecnologia se quiserem competir nessa nova realidade", afirma Vitor Tavares, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL). "Mas elas vão sobreviver. O livro eletrônico poderá ser vendido como um cartão de celular pré-pago, oferecido pelo caixa na hora do pagamento."

Paulo Coelho: 'A indústria editorial se adapta ou morre'

"Ou a indústria editorial se adapta ou morre." A afirmação, com pretensão de sentença, é do escritor best seller Paulo Coelho. O criador de O Alquimista se refere, é claro, à suposta ameaça que os e-books, livros em formato digital, oferecem ao modelo consagrado. De olho na onda virtual que já começou, ele resolveu surfar: foi o primeiro autor brasileiro a transformar toda a sua obra em e-books e colocá-la à venda na Amazon. Desde janeiro, os adeptos do e-reader Kindle, dispositivo de leitura eletrônica da livraria on-line, podem comprar, por exemplo, a edição virtual de Veronika Decide Morrer por 9,19 dólares (equivalente a 16 reais) - em papel, disponível na Amazon só em inglês, sai por 11,19 dólares (19,50 reais); nas livrarias brasileiras, em português, custa 24,90 reias. Na Amazon é possível encontrar também e-books em inglês, francês e espanhol assinados pelo "ex-mago" - título que, há alguns anos, ele preteriu pelo de "imortal" da Academia Brasileira de Letras. Na entrevista abaixo, realizada por e-mail, Coelho fala sobre o avanço das obras e dispositivos de leitura em formato digital, critica editores brasileiros e prevê que os celulares darão novo fôlego à literatura.

O senhor foi um dos primeiros escritores a oferecer suas obras em formato digital. Por quê?
Porque o universo de leitura está se ampliando para além dos livros. Hoje em dia, com Twitter, Facebook e meu blog, estou diariamente escrevendo, única e exclusivamente por prazer, para este tipo de plataforma. O e-book é apenas um suporte diferente para o formato clássico.

Qual foi a reação de seu editor quando o senhor optou por vender os direitos digitais de suas obras diretamente para a Amazon?
Eu sempre retive os direitos eletrônicos. Vendi os da língua inglesa para a editora HarperCollins, porque ela veio com uma proposta clara e consistente. As outras propostas mostravam um certo desconhecimento do mercado. Como adoro internet, imaginei que em algum momento os suportes que não dependessem do papel iriam terminar vingando. Há tentativas desde a década passada, mas o Kindle foi o primeiro projeto consistente, e resolvi apostar em outras línguas além do inglês. Colocar meus livros em português não foi difícil, mas para conseguir comprar as traduções em outras línguas demorou mais que imaginava. Em primeiro lugar, porque nenhum autor tinha proposto isso. Em segundo, porque embora os editores vejam o potencial do e-reader, ainda não conseguiram saber exatamente quais os próximos passos.

Como o senhor vê a chegada dos e-readers e o impacto disso no mercado editorial?
O impacto será a longo prazo, mas virá. Não é um factóide para chamar atenção para a literatura, mas uma mudança radical, como foi a do disco para o suporte digital. E da mesma maneira como a indústria da música sentiu o impacto da internet, a indústria editorial ou se adapta ou morre. Por outro lado, assim como o teatro continuou existindo depois do cinema, e o cinema continuou existindo depois da televisão, o mesmo acontecerá com o livro em papel e o livro digital.

No Brasil, os editores discutem bastante, mas parecem não fazer ideia do que vai acontecer.
Os editores do mundo inteiro estão discutindo muito. Mas os ingleses e americanos estão agindo enquanto os outros discutem. A minha parceria com a HarperCollins tem dado resultados excelentes.

É possível pensar no fim das livrarias?
O que mais me preocupa são as livrarias. Não há nada melhor que uma livraria: convívio, atmosfera, possibilidade de encontros interessantes. Mas também, há alguns anos, o mercado nota uma nova tendência: em todos os países as grandes cadeias estão tomando o lugar das livrarias independentes. De qualquer maneira, tenho certeza de que as livrarias continuarão existindo, como um lugar de culto, de respeito.

Há alguma diferença entre escrever para o papel e para o livro digital?
Existe uma grande diferença entre escrever para uma plataforma digital, como um blog, e para um livro. São duas linguagens que não combinam. Mas a única diferença que existe entre o papel e o digital é o suporte para leitura.

Teme-se que e-book abra espaço para um novo tipo de pirataria. Como ficaria a remuneração dos autores?
Pirataria de livros já existe desde que os sites P2P (peer-to-peer, ou par a par, rede de computadores que permite a troca de dados entre usuários) foram criados. Mas com o e-book vai ficar muitíssimo mais difícil, porque vem com arquivos encriptados - não é a mesma coisa que copiar ou escanear um livro e colocar na web. Com relação à remuneração de autores: o autor pode vender diretamente para a livraria virtual e passar o resto dos seus dias se chateando com faturas, contas, problemas etc. Ou pode fazer como eu fiz: escolher uma editora que se encarrega disso, e remunerá-la com uma pequena porcentagem. No meu caso, a Gold Editora se encarregou de tudo. Nós só fornecemos as traduções e os livros originais em português. Entretanto, se você está falando da remuneração de autores sendo lesada pela "pirataria": eu tenho livros (físicos) piratas em quase todos os países da África, alguns da America Latina, e no continente asiático. Você acha que isso me chateia? A pirataria, neste caso, é uma glória - só autores que vendem muito são pirateados.

O senhor acredita que os e-books podem ajudar a conquistar novos leitores? Ou mais: a aumentar o índice de leitura num país como o Brasil?
Não, porque o suporte custa caro. O que eventualmente poderá ajudar a conquistar leitores, mas leitores de um outro tipo de texto, será o telefone celular. O escritor do futuro será capaz de escrever Guerra e Paz em dez páginas.

O senhor tem um e-reader? Afinal, como é ler nesse tipo de equipamento?
Tenho o Sony e o Kindle. Hoje em dia, como viajo muito, só tenho lido nesse tipo de suporte. Compro o novo livro na hora utilizando as redes wi-fi, carrego menos peso. É justamente pela facilidade de comprar livros que a indústria do e-book está se movimentando mais.

E-readers podem multiplicar leitores no Brasil?

Os filmes não deixaram de existir com a chegada da TV, videocassete ou DVD. Ao contrário, ganharam novos canais para atingir o público e, com isso, fôlego extra. É difícil vaticinar se o livro como o conhecemos, velho de treze séculos, resistirá ao aparecimento dos e-readers ou se será beneficiado por eles. Por ora, isso é puro exercício de adivinhação. Mais útil é descobrir o que os dispositivos eletrônicos podem fazer em favor da leitura, assunto especialmente relevante ao Brasil, país em que a elementar habilidade de ler tropeça na ineficiência do sistema de educação: segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE em 2009, a parcela de analfabetos funcionais entre a população é alarmante: um quinto dos brasileiros com mais de 15 anos de idade e menos de quatro de estudo sabem ler, mas não são capazes de compreender o que leem.

"O livro digital pode ser um caminho para aproximar os jovens da leitura, já que eles têm mais facilidade para lidar com a tecnologia", aposta Norma Lúcia de Queiroz, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). "Além disso, o texto pode ser apresentado ali em um outro formato, mais atraente por exemplo."

O período escolar é mesmo o momento para fisgar o leitor. No Brasil, é durante essa fase que se lê mais - ainda que pouco. Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2008, quem está na escola lê 7,2 livros por ano. Entre os não estudantes o número cai para menos da metade: 3,4 obras. Ou seja, por aqui, a obrigação faz o leitor. "Você tem que usar uma ferramenta para levar o potencial leitor até o livro. Se o equipamento evoluir e conseguir instigar as crianças a descobrir histórias, isso poderá despertar o interesse em ler", diz Zoara Failla, gerente-executiva de projetos do Pró-Livro.

Tornar a tecnologia disponível aos jovens é pouco, na visão de Priscila Gonzales, coordenadora do EducaRede Brasil, portal destinado à formação de professores das redes pública e particular e que se dedica especialmente ao aprimoramento do ensino a partir da inclusão digital. Segundo ela, para de fato arrebanhar novos leitores entre os jovens, os e-books terão de usar todas as armas da tecnologia e internet. Isso significa recorrer aos expedientes conhecidos das redes sociais, em que o compartilhamento das informações (sejam elas relevantes ou não) é a base do negócio. "Pode fazer a diferença se o suporte permitir que as pessoas se comuniquem entre si, que indiquem livros uns para os outros, que se utilizem de hiperlinks a partir de um texto", diz Priscila. "Só transferir o papel para o digital não vai estimular a leitura: a lousa digital, por exemplo, não fez com que os alunos prestassem mais atenção na aula."

Em meio ao mar de expectativas, é prudente identificar as ilhas de ceticismo. E elas existem. Norma Sandra de Almeida Ferreira, presidente da Associação de Leitura do Brasil (ALB) e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que o suporte não é protagonista na epopeia de conquista de novos leitores. Ainda que os dispositivos se popularizem, seria preciso haver uma mediação, para aproximar o leitor dos textos. "Não basta apenas colocar o livro - em papel ou digital - na mão das pessoas, pois a grande população que não está familiarizada com ele não tem determinadas atitudes necessárias a um leitor. É preciso ler até o fim, aprofundar o estudo, interpretar", exemplifica a especialista. Ao que complementa Plinio Martins Filho, diretor-presidente da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp). "Há uma grande diferença entre ler e fazer uma consulta no computador", diz. "Ferramentas como a internet são boas para informar, mas não para formar pessoas."

É certo que os dispositivos eletrônicos de leitura virão, se multiplicarão e ganharão a atenção dos novos leitores. "Para uma criança, tanto faz se o suporte é digital ou convencional: ela não tem nenhum preconceito em relação à tecnologia", diz Miriam Gabbai, diretora da Callis Editora. Ou como coloca Norma Lúcia de Queiroz, da UnB, "segurar um livro de papel é um valor importante para o leitor mais velho. Para os mais novos, isso não faz a menor diferença." Se os pequenos não terão dificuldades para lidar com as maquininhas, resta aos adultos aprender a falar com ela. "Escolas, editoras e instituições de educação precisarão aprender a usar esses dispositivos para estimular o aprendizado", lembra Priscila, do EducaRede.

EVOLUÇÃO DOS E-READERS DESDE O PRIMERIO SURGIMENTO EM 1998

VISITE:

http://veja.abril.com.br/galeria-de-imagens/evolucao-e-readers-537888.shtml

Matérias assinadas por: Natália Cuminale

Imagens: Getty Images

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